4- Assistência Têcnica para Todos

 

 

 

Julio Renovato dos Santos (Engenheiro Agrônomo)

 

 

A agricultura familiar é uma forma de produção através da interação entre gestão e trabalho; são os próprios agricultores que dirigem o processo produtivo, trabalhando com a diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho a agricultura familiar tem capacidade de absorver mão-de-obra e gerar renda.

O setor agropecuário familiar faz parte da história do Brasil e da própria humanidade. Sua influência foi reduzida ao longo dos séculos devido ao desenvolvimento tecnológico do próprio setor agropecuário e dos outros setores produtivos da economia. Assim, paulatinamente, o termo familiar tem sido associado a passado, atraso e pouca significância (GUILHOTO et al., 2006).

Segundo Guilhoto et al. (2006), o segmento familiar da agropecuária brasileira e as cadeias produtivas a ela interligadas responderam, em 2003, por 10,1% do PIB brasileiro, o que equivale a R$ 157 bilhões em valores daquele ano. Tendo em vista que o conjunto do agronegócio nacional foi responsável, nesse ano, por 30,6% do PIB, fica evidente o peso da agricultura familiar na geração de riqueza do país.

Entretanto, o mundo contemporâneo colocou o sistema familiar de produção dentro de um contexto sócio-econômico próprio e delicado, haja vista, que sua importância ganha força quando se questiona o futuro das pessoas que subsistem do campo, a problemática do êxodo rural e, consequentemente, a tensão social decorrente da desigualdade social no campo e nas cidades.

Tratando-se de agricultura familiar o município de São Domingos, localizado na região agreste do estado Sergipano, ocupando uma área de 102 km2 com uma população de 10.128 habitantes, destaca-se pela sua importância econômica e social do setor produtivo caracterizado por pequenas propriedades, definindo a cidade com economicamente agrícola. De acordo com IBGE (2006), do total das áreas destinada a agricultura, a mandioca corresponde cerca de 2574 hectares, sendo dessa forma, um dos maiores produtores de farinha de mandioca do estado, exportando para Aracaju, Lagarto, Itabaiana e até para o Estado de São Paulo. No entanto, a pesar da importancia economica dessa atividade, os produtores ficam sujeito a grades prejuisos devido a monocultura, falta de assistencia tecnica e extenção ruval e variações dos presos do produto imposto diretamente pelos atravesadores. Nesse contexto, a necessidade de politicas agriculas voltado para a ATER deve ser implantada visando a pernamencia dos agricultores familiares no campo, aumento de produtividade, diversificação de culturas, e adoção de modelo de sistema produtivo agroecologico, já que a atividade da mandioca produz residuos poluentes (mandipoeira) ao meio ambinte quando mal conduzida.

Assistência técnica e a extensão rural têm importância fundamental no processo de comunicação de novas tecnologias, geradas pela pesquisa, e de conhecimentos diversos, essenciais ao desenvolvimento rural no sentido amplo, e, contribuir para a construção e execução de estratégias de desenvolvimento rural sustentável, centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar e das suas organizações, por meio de metodologias educativas e participativas, integradas às dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Porém, o acesso a essa política, possui uma grande discrepância quando comparado a agricultura familiar, que apenas 16,7% utilizam assistência técnica, contra 43,5% entre os patronais, onde este percentual varia de 2,7% na região Nordeste a 47,2% na região Sul. Mesmo considerando as diferenças no interior da agricultura familiar nordestina, o número de agricultores com acesso a assistência técnica é muito pequeno Guanzirolli e Cardim (2000), aonde desde a década de 1990 o Brasil vem tangenciando as políticas agrárias para a valorização de uma diversidade agrária, focando especialmente as potencialidades contidas nas lógicas familiares de produção agropecuária ( SILVA et al., 2009).

            A dificuldade de acesso a essas informações esta relacionada à deficiência de políticas agrícola de extensão como também o surgimento de empresas particulares que cobram por esses serviços, deixando os pequenos produtores excluídos da ATER. Além dessas problemáticas, o modelo de ATER existe e caracterizado por profissionais desqualificado e moldado pelos pacotes tecnológicos da agricultura verde, deixando os interesses de punho agroecologico em segundo plano, que conforme Assis et al. (2005) a agroecologia é de extrema importância, pois resgata o conhecimento agrícola tradicional desprezado pela agricultura moderna, e procura fazer sua sistematização e validação de forma que este possa ser aplicado em novas bases. Nesse contexto, um programa de ATER com uma base agroecologica que busque a diversificação e o acesso a novas tecnologias, por meio de metodologias educativas e participativas serão de fundamental importância para a cidade de São Domingos, e, por conseguinte favorecer maior equidade ao acesso a Assistência Técnica e Extensão Rural, garantindo aos produtores da agricultura familiar melhor qualidade de vida.  Dessa forma, a administração da associação desde a sua fundação busca contribuir de forma voluntaria para o desenvolvimento agrícola da cidade, bem como, o desenvolvimento socioeconômico através da adoção de novas tecnologias que garante uma agricultura mais justa, racional, lucrativa e ambientalmente correto.

 

                Referencia bibliográfica

 

ASSIS, R. L. de  & ROMEIRO, A. R. Agroecologia e agricultura familiar na região centro-sul do estado do Paraná. Revista de Economia e Sociologia Rural, vol.43, n.1, 2005, pp. 155-177

 

GUANZIROLI, C. E. e CARDIM, S.E. C. S. Novo Retrato da Agricultura Familiar - o Brasil redescoberto. Projeto de Cooperação Técnica INCRA / FAO, fevereiro de 2000, 74p. Disponível em: https://www.incra.gov.br/sade/doc/AgriFam.doc.

 

GUILHOTO, J. J. M.; SILVEIRA, F. G.; ICHIHARA, S. M. ;  AZZONI, C.R. A importância do agronegócio familiar no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural,  vol.44, n.3, 2006, pp. 355-382.

 

IBGE - PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL IBGE- Rio de Janeiro: IBGE - Sistema IBGE de ecuperação automática – SIDRA. Disponível: https:// www.ibge.gov.br – consultado no mês de abril de 2010.

 

SILVA, L. M. S.; NOGUEIRA, A. C. N. groecossistemas Familiares e o Serviço de Assistência Técnica: a Diversidade deNoções de Sustentabilidade Inseridas no Território Sudeste do Estado do Pará,Amazônia. IN: RESUMOS DO VI CBA E II CLAA, Revista Brasileira de Agroecologia, Vol. 4, No. 2/nov. 2009.